O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.
Passou um homem e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
BARROS, M. O livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Best Seller, 2008.
O sujeito poético questiona o uso do vocábulo “enseada” porque a
A) terminologia mencionada é incorreta.
B) nomeação minimiza a percepção subjetiva.
C) palavra é aplicada a outro espaço geográfico
D) designação atribuída ao termo é desconhecida.
E) definição modifica o significado do termo no dicionário.
Solução
Ao utilizar a linguagem denotativa, como o termo “enseada”, o homem retira o encanto e a subjetividade da visão poética do eu-lírico sobre o rio, que antes era visto como uma “cobra de vidro”. O uso de uma palavra objetiva e dicionarizada reduz a carga poética e transforma o cenário em algo mais comum e técnico, evidenciando a perda da impressão pessoal e sensível do sujeito poético, característica presente na obra de Manoel de Barros.
Alternativa B