TEXTO I
Acresce que o negócio açucareiro, além de exigir capitais enormes, que excediam às possibilidades da gente comum, só admitia uns poucos trabalhadores especializados entre a classe de senhores e a massa escrava. A própria rigidez da disciplina de trabalho no engenho devia torná-lo insuportável para o trabalhador livre e, mais ainda, para gente afeita à vida aventurosa e vadia dos vilarejos.
TEXTO II
As atividades pastoris, nas condições climáticas dos sertões cobertos de pastos pobres e com extensas áreas sujeitas a secas periódicas, conformaram não só a vida, mas a própria figura do homem e do gado. Um e outro diminuíram de estatura, tornaram-se ossudos e secos de carnes. Assim associados, multiplicando-se juntos, o gado e os homens foram penetrando terra adentro, até ocupar, ao fim de três séculos, quase todo o sertão.
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
O antropólogo Darcy Ribeiro, em sua análise sobre a formação do povo brasileiro, enfatiza o papel condicionante exercido pela dicotomia entre
A) manufatura e comércio na estrutura econômica.
B) litoral e interior na organização produtiva.
C) nativos e reinóis na hierarquia laboral.
D) urbano e rural no espaço colonial.
E) safra e pousio no uso do solo.
Solução
Durante os primórdios da colonização portuguesa, a produção açucareira e a pecuária evoluíram lado a lado, mas com características distintas. A produção de açúcar estava centrada no litoral nordestino e utilizava predominantemente mão de obra escravizada, enquanto a pecuária se desenvolvia no interior do Nordeste, com trabalho livre. O texto destaca como essas diferenças influenciaram a natureza dos indivíduos envolvidos em cada atividade, moldando não apenas suas funções, mas também suas características físicas conforme os requisitos específicos de cada trabalho.
Alternativa B