A um príncipe, portanto, não é necessário ter de fato todas as qualidades, mas é indispensável parecer tê-las. Aliás, ousarei dizer que, se as tiver e utilizar sempre, serão danosas, enquanto, se parecer tê-las, serão úteis. Assim, deves parecer clemente, fiel, humano, íntegro, religioso — e sê-lo, mas com a condição de estares com o ânimo disposto a, quando necessário, não o seres, de modo que possas e saibas como tornar-te o contrário.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Martins Fontes, 2004 (adaptado).
Segundo o autor, a conquista e a conservação do poder político exigem a
A) flexibilidade moral do monarca.
B) retomada dos valores cristãos.
C) consulta periódica dos cidadãos.
D) adoção do imperativo categórico.
E) liberdade incondicional do estadista.
Solução
Maquiavel, pensador renascentista e defensor do Estado absolutista, acreditava que o monarca tinha o direito de se afirmar como a autoridade suprema, cuja legitimidade não deveria ser questionada. No trecho, ele argumenta que o rei deve alternar entre uma aparência de clemência e uma prática de firmeza, com o objetivo de consolidar e manter sua soberania sobre seus súditos.
Alternativa A