As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das outras, hostis e espectrais, desertas de vontades novas que as humanizem, esquecidas já dos antigos homens lendários que as povoaram e dominaram. Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas cidades decadentes, como uma doença aviltante e tenaz, que se aninhou para sempre em suas dobras. Não podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.
As soluções de linguagem encontradas pelo narrador projetam uma perspectiva lírica da paisagem contemplada. Essa projeção alinha-se ao poético na medida em que
A) explora a identidade entre o homem e a natureza.
B) reveste o inanimado de vitalidade e ressentimento.
C) congela no tempo a prosperidade de antigas cidades.
D) destaca a estética das formas e das cores da paisagem.
E) captura o sentido da ruína causada pela extração mineral.
Solução
No texto, o narrador atribui sentimentos e emoções às montanhas e cidades, projetando nelas um certo ressentimento e vitalidade. As montanhas são descritas como “hostis” e “espectrais”, e as cidades decadentes parecem “uma doença aviltante e tenaz”. Essas expressões personificam elementos da natureza, conferindo-lhes características humanas, o que cria uma perspectiva lírica e poética da paisagem.
Alternativa B