Lisboa: aventuras
tomei um expresso
cheguei de foguete
subi num bonde
desci de um elétrico
pedi um cafezinho
serviram-me uma bica
quis comprar meias
só vendiam peúgas
fui dar a descarga
disparei um autoclisma
gritei “ó c a r a!”
responderam-me «ó pá»
positivamente
as aves que aqui gorjeiam nao gorjeiam
[como lá.
PAES, J. P. A poesia está morta mas juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988
No texto, a diversidade linguística é apresentada pela ótica de um observador que entra em contato com uma comunidade linguística diferente da sua. Esse observador é um
A) falante do português brasileiro relatando o seu contato na Europa com o português lusitano.
B) imigrante em Lisboa com domínio dos registros formal e informal do português europeu.
C) turista europeu com domínio de duas variedades do português em visita a Lisboa.
D) português com domínio da variedade coloquial da língua falada no Brasil.
E) poeta brasileiro defensor do uso padrão da língua falada em Portugal.
Solução
O texto retrata um falante do português brasileiro que relata suas experiências e surpresas ao entrar em contato com o português europeu (lusitano), evidenciando as diferenças entre as duas variantes da língua. O poema destaca essas variações em expressões cotidianas, como “bonde” no Brasil e “elétrico” em Portugal, ou “cafezinho” no Brasil e “bica” em Portugal.
Gabarito A