Morte e vida Severina
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento).
Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela
A) presença da morte, que universaliza os sofrimentos dos nordestinos.
B) figura do homem agreste, que encara ternamente sua condição de pobreza.
C) descrição sentimentalista de Severino, que divaga sobre questões existenciais.
D) miséria, à qual muitos nordestinos estão expostos, simbolizada na figura de Severino.
E) opressão socioeconômica a que todo ser humano se encontra submetido.
Solução
No fragmento de “Morte e Vida Severina”, o poeta João Cabral de Melo Neto retrata a miséria e a pobreza extrema enfrentada por muitos nordestinos, representados pela figura de Severino. A morte é uma presença constante na vida dessas pessoas, como resultado das duras condições de vida. A figura de Severino simboliza a situação de todos aqueles que, assim como ele, estão expostos à miséria e à precariedade.
Alternativa D