Questão 111 – ENEM PPL 2011

Questão 111 – ENEM PPL 2011

Quando Rubem Braga não tinha assunto, ele abria a janela e encontrava um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele abria a janela, olhava o mundo e comunicava que não havia assunto. Fazia isso com tanto engenho e arte que também dava no mesmo: a crônica estava feita. Não tenho nem o engenho nem a arte de Rubem, mas tenho a varanda aberta sobre a Lagoa ― posso não ver melhor, mas vejo mais. […] Nelson Rodrigues não tinha problemas. Quando não havia assunto, ele inventava. Uma tarde, estacionei ilegalmente o Sinca-Chambord na calçada do jornal. Ele estava com o papel na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou que eu descia de um reluzente Rolls Royce com uma loura suspeita, mas equivalente à suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, eu tentei subornar a autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou o dinheiro, preferiu a loura. Eu fiquei sem a multa e sem a mulher. Nelson não ficou sem assunto. 

CONY, C. H. Folha de S. Paulo. 2 jan. 1998 (adaptado).


O autor lançou mão de recursos linguísticos que o auxiliaram na retomada de informações dadas sem repetir textualmente uma referência. Esses recursos pertencem ao uso da língua e ganham sentido nas práticas de linguagem. É o que acontece com os usos do pronome “ele” destacados no texto. Com essa estratégia, o autor conseguiu

A) confundir o leitor, que fica sem saber quando o texto se refere a um ou a outro cronista.

B) comparar Rubem Braga com Nelson Rodrigues, dando preferência ao primeiro.

C) referir-se a Rubem Braga e a Nelson Rodrigues usando igual recurso de articulação textual.

D) sugerir que os dois autores escrevem crônicas sobre assuntos semelhantes.

E) produzir um texto obscuro, cujas ambiguidades impedem a compreensão do leitor.

Solução

No texto, o autor utiliza o pronome “ele” para se referir tanto a Rubem Braga quanto a Nelson Rodrigues, de forma a manter a coesão e evitar repetições desnecessárias. Esse recurso de articulação textual permite que o leitor acompanhe a narrativa sem confusão, pois o contexto de cada parágrafo esclarece a quem o pronome se refere. Assim, a retomada de informações sobre ambos os cronistas ocorre de maneira fluida, comparando-os e mostrando suas diferentes abordagens ao escrever crônicas, sem preferências ou ambiguidades.

Alternativa C

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