No tempo em que assistíamos televisão no meio da praça
O que eu vou contar nestas próximas linhas não fará sentido para os leitores mais jovens, mas houve um tempo em que assistíamos televisão no meio da praça. Nessa fase, a propriedade de aparelhos ainda era restrita às camadas mais abastadas.
Seja no meio de uma praça pública, seja na sala de casa, a televisão cumpriu um importante papel de sociabilização, mesmo que de forma mitigada. Isso porque, ao contrário do que acontecia na antiguidade, as praças não eram (como ainda não são) espaços de convivência pública ativa, no máximo um lugar para gastar o tempo, bater um papo. Naqueles tempos, os aparelhos de TV nas praças reverteram um pouco dessa lógica.
Ao que parece, está se inaugurando no Brasil um novo tempo no campo da pesquisa sobre a televisão e sua inserção sociocultural nas camadas populares.
Essas pesquisas não podem e não devem ignorar, especialmente, a intensa concentração desses veículos nas mãos de poucas famílias e grupos econômicos, sob o risco de a televisão no Brasil continuar centrada num modelo antidemocrático, antimediador, intransitivo, tendo como consequência direta a limitação crescente da participação da população nas instâncias públicas de decisão (a televisão é uma concessionária de serviço público), só que agora com o agravante da falsa sensação de que a comunicação se tornou mais democrática com a internet.
Que a televisão permaneça por muitos e muitos anos, mas que o seu atual modelo tenha seus dias contados! Quem sabe com isso um dia voltemos para o meio da praça, não mais para assistir TV, mas para fazermos valer uma cultura de participação política realmente ativa e instruída, como uma democracia de fato merece.
ARAÚJO, F. P. Disponível em: www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 30 out. 2021 (adaptado).
Embora reconheça o impacto social da televisão e seu importante papel de sociabilização ao longo do tempo, o texto defende que essa tecnologia passe por mudanças que contribuam para
A) ampliar o acesso a aparelhos de TV para toda a população.
B) transformar a praça pública em um lugar de convivência social.
C) divulgar os resultados de pesquisas sobre sua inserção social.
D) fomentar uma maior participação da população nas esferas públicas.
E) viabilizar sua permanência no futuro em contraposição ao advento da internet.
Solução
O texto defende que a televisão passe por mudanças que contribuam para fomentar uma maior participação da população nas esferas públicas. Ele argumenta que o modelo atual da televisão no Brasil, dominado por poucos grupos econômicos, limita a participação da população nas instâncias públicas de decisão, e propõe que a televisão se transforme para promover uma cultura de participação política ativa.
Alternativa D