Da calma e do silêncio
Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas…
[…]
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.
EVARISTO, C. Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2021 (fragmento).
Na reflexão sobre motivos e soluções do trabalho com a palavra, o eu lírico defende que a poesia
A) reflete as limitações inerentes à sua matéria-prima.
B) é um produto relacionado ao sentimento de angústia.
C) exige o engajamento social para a sua plena realização.
D) requer um tempo próprio de amadurecimento e plenitude.
E) deve desvincular-se de questões de inspiração metafísica.
Solução
Na reflexão sobre o trabalho com a palavra, o eu lírico defende que a poesia requer um tempo próprio de amadurecimento e plenitude. O texto destaca a importância da calma, do silêncio e da paciência para que o processo poético atinja sua profundidade, sugerindo que o verso e o sentido precisam ser trabalhados com cuidado e sem pressa.
Alternativa D