— Adiante… Adiante… Não pares… Eu vejo. Canaã! Canaã!
Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus.
Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito…
— Canaã! Canaã!… suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da Promissão.
E tudo era silêncio, e mistério… Corriam… corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável… E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia… Corriam… corriam…
ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).
O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e Maria, Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva
A) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira.
B) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil.
C) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos.
D) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada.
E) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.
Solução
No fragmento de Canaã, Graça Aranha retrata o desespero e a frustração de Milkau, que, apesar da busca incessante pela terra prometida, percebe que nada muda ao longo de sua jornada. Esse cenário transmite uma crítica à ilusão de alcançar uma terra ideal, revelando o sofrimento daqueles que nunca conseguem alcançar o que procuram. O autor, por meio de uma linguagem repleta de simbolismo e angústia, retrata a impotência de quem busca um sonho inalcançável, enfatizando o desespero diante da realidade imutável.
Alternativa E