Ai, palavras, ai, palavras
Que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
Principia a vossa porta:
O mel do amor cristaliza
Seu perfume em vossa rosa;
Sois o sonho e sois a audácia,
Calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora…
e dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:
A) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.
B) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado aos significado das palavras.
C) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida.
D) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
E) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.
Solução
Nos versos “Sois o sonho e sois a audácia,/ Calúnia, fúria, derrota…”, o eu lírico reflete sobre o poder da linguagem como base de todas as experiências humanas. A linguagem é apresentada como o princípio que define sentimentos e ações, abrangendo amor, sonho, audácia, mas também calúnia, fúria e derrota, mostrando seu impacto em diversas esferas das relações humanas e do sentido da vida.
Alternativa B