Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
PESSOA, F. Mensagens. São Paulo: Difel, 1986.
Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão para a constituição temática do poema?
A) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as grandes navegações.
B) Criar um fato ficcional ao comparar o choro das mães ao choro da natureza.
C) Reconhecer as dificuldades técnicas vividas pelos navegadores portugueses.
D) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes marítimas.
E) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas do Atlântico.
Solução
A hipérbole e a metonímia presentes nos versos 1 e 2 do poema têm a função de intensificar o sofrimento e o sacrifício dos portugueses nas grandes navegações, ao transformar o sal do mar nas lágrimas derramadas pelo povo de Portugal. A subversão da realidade ocorre ao destacar o imenso preço emocional pago pelos navegadores e seus entes queridos, para cruzar e conquistar o mar, engrandecendo assim os feitos lusitanos. Ao utilizar essa linguagem figurada, o poeta exalta o heroísmo e o valor desses atos históricos, reforçando a ideia de que “tudo vale a pena” quando há coragem para enfrentar os desafios, como passar além do Bojador e encarar os perigos do mar.
Alternativa A