Já reparei uma coisa: bola de futebol, seja nova, seja velha, é um ser muito compreensivo, que dança conforme a música: se está no Maracanã, numa decisão de título, ela rola e quiçá com um ar dramático, mantendo sempre a mesma pose adulta, esteja nos pés de Gérson ou nas mãos de um gandula. Em compensação, num racha de menino, ninguém é mais sapeca: ela corre para cá, corre para lá, quiçá no meio-fio, para de estalo no canteiro, lambe a canela de um, deixa-se espremer entre mil canelas, depois escapa, rolando, doida, pela calçada. Parece um bichinho.
NOGUEIRA, A. Peladas. Os melhores da crônica brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977 (fragmento).
O texto expressa a visão do cronista sobre a bola de futebol. Entre as estratégias escolhidas para dar colorido a sua expressão, identifica-se, predominantemente, uma função da linguagem caracterizada pela intenção do autor em
A) manifestar o seu sentimento em relação ao objeto bola.
B) buscar influenciar o comportamento dos adeptos do futebol.
C) descrever objetivamente uma determinada realidade.
D) explicar o significado da bola e as regras para seu uso.
E) ativar e manter o contato dialógico com o leitor.
Solução
O cronista utiliza uma linguagem expressiva para manifestar seus sentimentos em relação à bola de futebol, descrevendo-a de forma lúdica e personificada. A bola é tratada como um “ser compreensivo”, adaptando-se ao contexto em que é utilizada, seja em um jogo profissional ou em uma pelada de rua. Essa visão subjetiva do objeto demonstra o envolvimento emocional do autor, que atribui características quase humanas à bola, reforçando o tom de afeto e brincadeira presente no texto.
Alternativa A