— Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora vai ver. Compro um barato.
— Barato? Admito que você compre uma lembrancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É fazer pouco-caso de mim.
— Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
— Deixe eu escolher, deixe…
— Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer furado que a senhora me deu no Natal!
— Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua mãe lhe deu um blazer furado?
— Viu? Não sabe nem o que é furado? Aquela cor já era, mãe, já era!
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
O modo como o filho qualifica os presentes é incompreendido pela mãe, e essas escolhas lexicais revelam diferenças entre os interlocutores, que estão relacionadas
A) à linguagem infantilizada.
B) ao grau de escolaridade.
C) à dicotomia de gêneros.
D) às especificidades de cada faixa etária.
E) à quebra de regras da hierarquia familiar.
Solução
No diálogo, a incompreensão da mãe em relação aos termos utilizados pelo filho, como “barato” e “furado”, revela uma diferença linguística baseada nas especificidades de cada faixa etária. O uso de gírias e expressões populares pelo filho faz parte da linguagem juvenil, desconhecida pela mãe, o que provoca um desencontro comunicativo. Esse tipo de contraste entre gerações é comum em situações nas quais a evolução da linguagem reflete as mudanças culturais e de comportamento ao longo do tempo.
Alternativa D