Questão 122 – ENEM 2009

Questão 122 – ENEM 2009

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim, vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).

Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua portuguesa é empregada com a finalidade de

A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna.

B) situar os dois lados da interlocução em posições simétricas.

C) comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos.

D) mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.

E) ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional.

Solução

O autor se utiliza de um código linguístico (a língua portuguesa formal) para garantir que sua mensagem seja compreendida por seu interlocutor, o não indígena. Ao escrever em português padrão, o autor busca um diálogo que coloque ambos os lados (o indígena e o homem branco) em condições de igualdade. O objetivo é ser visto como um ser humano com direitos iguais, sem paternalismo ou privilégios, como indicado na passagem: “Para nós, o importante é que vocês olhem para a gente como seres humanos […]”. Assim, o texto procura situar as duas partes da interlocução em posições simétricas, defendendo a igualdade no tratamento.

Alternativa B

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