Tarefa
Morder o fruto amargo e não cuspir
Mas avisar aos outros quanto é amargo
Cumprir o trato injusto e não falhar
Mas avisar aos outros quanto é injusto
Sofrer o esquema falso e não ceder
Mas avisar aos outros quanto é falso
Dizer também que são coisas mutáveis…
E quando em muitos a não pulsar
— do amargo e injusto e falso por mudar —
então confiar à gente exausta o plano
de um mundo novo e muito mais humano.
CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função sintática,
A) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.
B) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.
C) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.
D) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.
E) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.
Solução
No poema, a conjunção “mas” conecta versos que apresentam uma aceitação de adversidades com outros que indicam a ação necessária para superar ou melhorar a situação. O uso do “mas” introduz o argumento mais importante, destacando a tarefa que deve ser realizada para enfrentar ou transformar as dificuldades, refletindo o sentido central do texto e reforçando a ideia de ação positiva após a aceitação do negativo.
Alternativa C