Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os indivíduos, tenham sido quase sempre os mais decisivos. As agregações e relações pessoais, embora por vezes precárias, e, de outro lado, as lutas entre facções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela um todo incoerente e amorfo. O peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época, uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma atrofia correspondente das qualidades ordenadoras, disciplinadoras, racionalizadoras.
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
Um traço formador da vida pública brasileira expressa-se, segundo a análise do historiador, na
A) rigidez das normas jurídicas.
B) prevalência dos interesses privados.
C) solidez da organização institucional.
D) legitimidade das ações burocráticas.
E) estabilidade das estruturas políticas.
Solução
O historiador Sérgio Buarque de Holanda, uma figura central no estudo da História do Brasil, analisa a tendência da sociedade brasileira de valorizar mais os interesses privados e pessoais em detrimento dos vínculos e interesses coletivos e públicos. Embora o autor não identifique uma origem específica para essa característica, ele proporciona uma profunda reflexão sobre o tema, convidando à análise crítica das prioridades e valores na sociedade brasileira.
Alternativa B