Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque
A) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
B) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
C) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
D) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
E) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.
Solução
Para Agostinho, Deus não pode ser o autor do mal, pois, sendo a plena bondade, Ele não pode criar seu oposto. Isso não significa, entretanto, que exista um ser todo-poderoso responsável pelo mal, nem que o mal preceda a Deus. Na perspectiva agostiniana, o mal não tem um autor, pois não é uma substância em si, mas sim a ausência do bem. Em outras palavras, o mal é a privação do bem.
Alternativa D