Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei lá no norte, meu Deus!
[Muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelo escorrendo
[nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu…
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993.
O poema modernista de Mário de Andrade revisita o tema do nacionalismo de forma irônica ao
A) referendar estereótipos étnicos e sociais ligados ao brasileiro nortista.
B) idealizar a vida bucólica do norte do país como alternativa de brasilidade.
C) problematizar a relação entre distância geográfica e construção da nacionalidade.
D) questionar a participação da cultura autóctone na formação da identidade nacional.
E) propalar uma inquietação desfavorável quanto à aceitação das diferenças socioculturais.
Solução
No poema, Mário de Andrade explora a percepção da nacionalidade a partir da distância geográfica e cultural entre o norte e o sul do Brasil, revelando uma reflexão sobre a formação da identidade brasileira. O autor não idealiza nem reforça estereótipos, mas usa a distância para destacar as diferenças e questionar a forma como o Brasil é concebido a partir de diferentes regiões.
Alternativa C