Mediante o Código de Posturas de 1932, o poder público enumera e prevê, para os habitantes de Fortaleza, uma série de proibições condicionadas pela hora: após as 22 horas era vetada a emissão de sons em volume acentuado. O uso de buzinas, sirenes, vitrolas, motores ou qualquer objeto que produzisse barulho seria punido com multa. No início dos anos 1940 o último bonde partia da Praça do Ferreira às 23 horas.
SILVA FILHO, A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult, 2001 (adaptado).
Como Fortaleza, muitas capitais brasileiras experimentaram, na primeira metade do século XX, um novo tipo de vida urbana, marcado por condutas que evidenciam uma
A) experiência temporal regida pelo tempo orgânico e pessoal.
B) experiência que flexibilizava a obediência ao tempo do relógio.
C) relação de códigos que estimulavam o trânsito de pessoas na cidade.
D) normatização do tempo com vistas à disciplina dos corpos na cidade.
E) cultura urbana capaz de conviver com diferentes experiências temporais.
Solução
Assim como Fortaleza, muitas capitais brasileiras passaram por uma transformação urbana na primeira metade do século XX, marcada pela normatização do tempo com o objetivo de disciplinar a vida na cidade. Esse processo envolveu a criação de regulamentos destinados a controlar comportamentos e atividades urbanas, como a restrição de ruídos após determinados horários, refletindo um esforço para organizar e disciplinar a vida urbana e o comportamento dos habitantes.
Os fatos relatados na reportagem ilustram claramente o conceito de biopoder, conforme descrito por Michel Foucault. O biopoder é uma forma de exercício do poder característica das sociedades capitalistas, voltada para a melhoria da qualidade de vida e a maior produtividade da população. Ao invés de usar violência física, o biopoder se manifesta na disciplina dos corpos, exercendo uma dominação sutil através do controle das condutas e da vigilância dos comportamentos.
Alternativa D