– O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos, como que a dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando o seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta… (Risos).
O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, atitude discreta.
Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrrompida, aquelas observações sobre a questão social, consumismo e integralismo.
MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Circuito do Livro, s/d.
A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a
A) sujeição moral amplificada pela pobreza.
B) crise econômica em expansão nas cidades.
C) falta de diálogo entre patrões e empregados.
D) perspicácia marcada pela formação intelectual.
E) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.
Solução
A situação narrada é reflete a clara desigualdade social entre os personagens. O trecho “Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta” evidencia essa diferença de poder, destacando a sujeição moral do empregado, amplificada pela pobreza. O conflito social é evidente na postura de superioridade do diretor em contraste com a passividade do funcionário, que não ousa questionar.
Alternativa A