As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas.
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra,
mas a espuma, a gentileza,
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.
As cartas de amor
deveriam ser abertas
com os dentes.
CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand Russel, 2005.
No texto predomina a função poética da linguagem, pois ele registra uma visão imaginária e singularizada de mundo, construída por meio do trabalho estético da linguagem. A função conativa também contribui para esse trabalho na medida em que o enunciador procura
A) influenciar o leitor em relação aos sentimentos provocados por uma carta de amor, por meio de opiniões pessoais.
B) definir com objetividade o sentimento amoroso e a importância das cartas de amor.
C) alertar para consequências perigosas advindas de mensagens amorosas.
D) esclarecer como devem ser escritas as mensagens sentimentais nas cartas de amor.
E) produzir uma visão ficcional do sentimento amoroso presente em cartas de amor.
Solução
No poema, o autor propõe de maneira imaginativa e subjetiva como as cartas de amor deveriam ser escritas e lidas, destacando aspectos como a saliva, a língua, e até a abertura com os dentes. A função conativa da linguagem busca envolver o leitor emocionalmente, sugerindo um modo afetivo de se relacionar com as cartas de amor e influenciando os sentimentos e a percepção do leitor.
Alternativa A