Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2021.
Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela
A) situação social de enunciação representada.
B) divergência teórica entre gramáticos e literatos.
C) pouca representatividade das línguas indígenas.
D) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
E) tentativa de solicitação do documento demandado.
Solução
Dado que o pedido foi dirigido ao Congresso Nacional, utilizando as prerrogativas da Constituição, é natural que a linguagem seja adequada ao contexto formal de enunciação social. Assim, Policarpo Quaresma fez uso da norma culta padrão. No trecho de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, o protagonista busca reivindicar a mudança da língua nacional do português para o tupi. Por se tratar de um contexto formal, ele redige seu requerimento utilizando a modalidade culta da Língua Portuguesa.
Alternativa A