Na construção da ferrovia Madeira-Mamoré, o que dizer dos doentes, eternos moribundos a vagar entre delírios febris, doses de quinino e corredores da morte? O Hospital da Candelária era santuário e túmulo, monumento ao progresso científico e preâmbulo da escuridão. Foi ali, com suas instalações moderníssimas, que médicos e sanitaristas dirigiram seu combate aos males tropicais. As maiores vítimas, contudo, permaneceriam na sombra à margem do palco, cobaias sem consolo, credores sem nome de uma sociedade que não lhes concedera tempo algum para ser decifrada.
FOOT HARDMAN, F. Trem fantasma: modernidade na selva. São Paulo: Cia. das Letras, 1988 (adaptado).
No texto, há uma crítica ao modo de ocupação do espaço amazônico pautada na
A) discrepância entre engenharia ambiental e equilíbrio da fauna.
B) incoerência entre maquinaria estrangeira e controle da floresta.
C) incompatibilidade entre investimento estatal e proteção aos nativos.
D) competição entre farmacologia internacional e produtos da fitoterapia.
E) contradição entre desenvolvimento nacional e respeito aos trabalhadores.
Solução
O texto analisa a construção de uma ferrovia e os desafios para assegurar os direitos trabalhistas, como o acesso à saúde. A crítica central reside na contradição entre o desenvolvimento do espaço nacional e o respeito pelos direitos dos trabalhadores. A alternativa C está incorreta, pois sugere erroneamente que o investimento estatal e a proteção dos trabalhadores seriam necessariamente incompatíveis.
Alternativa E