Nos romances clássicos do século XIX, sobretudo de Balzac ou Jane Austen, a equivalência entre capital e rendimento anual, por intermédio de uma taxa de rendimento de 5% (ou, mais raramente, de 4%), era uma evidência absoluta. Por esse motivo, com frequência os escritores omitiam a natureza do capital e se contentavam em indicar apenas o montante da renda anual produzida. Informavam-nos, por exemplo, que um personagem dispunha de 50 000 francos ou de 2 000 libras esterlinas de renda, sem precisar se eram rendimentos da terra ou de juros sobre a dívida pública. Pouco importava, já que a renda era segura e sistemática nos dois casos, permitindo reproduzir, ao longo do tempo, uma estratificação social conhecida.
PIKETTY, T. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014 (adaptado).
A equivalência destacada nas obras desses romancistas remete aos seguintes aspectos da dinâmica europeia naquele período:
A) Conflito de classes e movimentos migratórios.
B) Cultura individualista e ampliação do consumo.
C) Desenvolvimento científico e expansão urbana.
D) Modernização produtiva e desconcentração fundiária.
E) Monetarização das trocas e financiamento do Estado.
Solução
Nos romances clássicos do século XIX, como os de Balzac e Jane Austen, era comum a equivalência entre capital e rendimento anual, geralmente calculada com uma taxa fixa de 4% ou 5%. Os autores frequentemente omitiam a origem do capital, focando apenas na renda anual produzida. Essa prática refletia a estabilidade e a previsibilidade dos rendimentos, que ajudavam a manter a estratificação social. Esse fenômeno está relacionado à monetarização das trocas e ao financiamento do Estado, que eram aspectos centrais na dinâmica econômica da Europa da época.
Alternativa E