Os vapores cruzavam os mares transportando pessoas, mercadorias e ideias, e ainda carregavam a mala postal, repleta de mensagens. Múltiplas histórias escritas atravessavam o oceano buscando por notícias de filhos e pais, irmãos, maridos e esposas, noivos e noivas. As missivas traziam boas e más novas, comunicavam alegremente nascimentos e casamentos, também doenças e mortes; enviavam declarações de amor e fidelidade, fotos de família; encaminhavam conselhos de velhos, pedidos de ajuda e de dinheiro; expediam cartas bancárias e de chamada. Essa literatura epistolar possibilitava a transmissão e reconstrução das tradições. Os deslocamentos tornaram-se um dos mais potentes produtores de escritura ao longo da história.
TRUZZI, O.; MATOS, I. Saudades: sensibilidades no epistolário de e/imigrantes
portuqueses (Portugal-Brasil 1890-1930). Rev. Bras. Hist., n. 70, jul.-dez. 2015.
Conforme o texto, as correspondências trocadas entre imigrantes no Brasil com os seus países de procedência constituíam um dispositivo tecnológico que possibilitava o(a)
A) disputa ideológica entre a comunidade de estrangeiros e a de nativos.
B) circularidade cultural entre a sociedade de partida e a de acolhimento.
C) controle doutrinário das narrativas do cotidiano de origem e de destino.
D) fiscalização política dos fluxos de populações do Novo e do Velho Mundo.
E) monitoramento social dos grupos de trabalhadores da cidade e do campo.
Solução
A literatura produzida por imigrantes conectava as tradições culturais de seus países de origem às novas realidades que encontravam, ampliando assim o fluxo e a troca de conhecimentos entre diferentes contextos.
Alternativa B