TEXTO I
O empirismo moderno foi, em grande parte, condicionado por dois dogmas. Um deles é a crença em certa divisão fundamental entre verdades analíticas, ou fundadas em significados independentemente de questões de fato, e verdades sintéticas, ou fundadas em fatos. O outro dogma é o reducionismo: a crença de que todo enunciado significativo é equivalente a algum construto lógico sobre termos que se referem à experiência imediata.
QUINE, W. V. O. Dois dogmas do empirismo. ln: RYLE, G. et al. Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
TEXTO II
Teses: 1. Somente os enunciados que possuem conteúdo factual são teoricamente significativos; enunciados que não podem, em princípio, estar fundamentados pela experiência são carentes de significado. 2. As ciências empíricas usam somente o conteúdo empírico da realidade. 3. A filosofia usa um conceito não empírico da realidade.
CARNAP, R. Pseudoproblemas na filosofia. ln: SCHLICK, M.; CARNAP, R.; POPPER, K. Coletânea de textos.
São Paulo: Abril Cultural, 1975.
Ao comparar os textos, conclui-se que eles apresentam posicionamentos filosóficos divergentes com relação ao
A) estatuto epistemológico da linguagem.
B) alicerce estruturante da moralidade.
C) conteúdo essencial da metafísica.
D) princípio constitutivo da ontologia.
E) domínio reflexivo da estética.
Solução
Os dois textos abordam o empirismo e a relação entre linguagem e experiência, mas com perspectivas divergentes. Quine, no Texto I, critica a separação entre verdades analíticas (independentes dos fatos) e sintéticas (baseadas em fatos), além de questionar o reducionismo, que sugere que todos os enunciados significativos podem ser reduzidos a termos que se referem à experiência direta. Por outro lado, Carnap, no Texto II, defende que apenas os enunciados que têm base empírica são significativos, e que as ciências empíricas lidam com o conteúdo factual da realidade, enquanto a filosofia usa um conceito não empírico. Assim, ambos apresentam visões diferentes sobre o estatuto epistemológico da linguagem, ou seja, sobre a relação entre linguagem e conhecimento.
Alternativa A