Eu poderia concluir que a raiva é um pensamento, que estar com raiva é pensar que alguém é detestável, e que esse pensamento, como todos os outros — assim como Descartes o mostrou —, não poderia residir em nenhum fragmento de matéria. A raiva seria, portanto, espírito. Porém, quando me volto para minha própria experiência da raiva, devo confessar que ela não estava fora do meu corpo, mas inexplicavelmente nele.
MERLEAU-PONTY, M. Quinta conversa: o homem visto de fora. São Paulo: Martins Fontes, 1948 (adaptado).
No que se refere ao problema do corpo, a filosofia cartesiana apresenta-se como contraponto ao entendimento expresso no texto por
A) apresentar uma visão dualista.
B) confirmar uma tese naturalista.
C) demonstrar uma premissa realista.
D) sustentar um argumento idealista.
E) defender uma posição intencionalista.
Solução
O trecho do texto apresentado discute a natureza da raiva, destacando uma tensão entre a visão cartesiana e a experiência corporal direta da raiva. Descartes, com sua filosofia dualista, separa a mente e o corpo, sugerindo que os pensamentos e sentimentos (como a raiva) não poderiam residir na matéria física. Em contraste, o autor do texto observa que a raiva, em sua experiência pessoal, parece estar ligada ao corpo físico. Dessa forma, a filosofia cartesiana, com seu dualismo entre mente e corpo, se contrapõe à ideia de que experiências subjetivas, como a raiva, poderiam residir apenas na mente, sem uma base corporal. Portanto, o problema do corpo, conforme abordado no texto, contrapõe-se à visão cartesiana ao apresentar uma visão dualista.
Alternativa A
