Cântico VI
Tu tens medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia,
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963. (fragmento)
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,
A) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.
B) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.
C) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.
D) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.
E) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.
Solução
O poema da autora reflete uma clara influência simbolista, ao abordar temas como a efemeridade e a eternidade, característicos dessa escola. A preocupação com a transitoriedade da vida e a espiritualidade está presente, especialmente no verso final, onde se sugere que a “sublimação espiritual” marca o fim de uma trajetória de sentimentos que passam por ciclos de morte e renovação. Assim, o poema combina a reflexão sobre o tempo com a busca por uma dimensão espiritual, alinhando-se aos temas comuns do simbolismo.
Alternativa A