O escravo tinha de prover diretamente ao senhor e a si próprio no ganho de rua. Do ganho dependia inclusive sua chance de comprar a liberdade. O próprio ganho vinha muitas vezes de fontes ocultas, do batuque, da capoeira, da adivinhação. Não eram poucos os escravos que viviam de adivinhar, curar feitiço ou fabricar amuletos muçulmanos, ocupações lucrativas que na Bahia favoreceram muitas alforrias.
REIS, J. J. Greve negra de 1857 na Bahia. Revista USP, n. 18, 1993 (adaptado).
Conforme descritas no texto, algumas práticas culturais afro-brasileiras atuais surgiram em nossa história como estratégias para
A) denunciar a rigidez da estrutura social.
B) expor a riqueza da herança africana.
C) aproveitar as frestas do sistema vigente.
D) contestar o preconceito da religião dominante.
E) incorporar a disciplina do trabalho compulsório.
Solução
Durante o período da escravidão no Brasil, os negros de ganho, que trabalhavam em centros urbanos em vez de no campo, utilizavam conhecimentos e práticas africanas para realizardiversos serviços e acumular dinheiro. Esse dinheiro era usado para comprar sua liberdade, desafiando a ordem estabelecida. A remuneração desses escravizados, controlada por seus senhores, permitia que, ao acumular uma certa quantia, pudessem adquirir sua alforria. Assim, a verdadeira “brecha” no sistema estava nas habilidades e atividades herdadas da África, e não na própria compra da liberdade.
Alternativa C